Foi uma das viagens mais longas por terra: percorrendo meio mundo, do Canal da Mancha até Singapura.
Como éramos estudantes universitários, não tínhamos dinheiro, nem carros, não tínhamos nada.
Como tantas outras coisas nos anos 50 em Cambridge, a ideia surgiu numa noite enquanto fazíamos café numa chaleira. Eu e Adrian Cowell estavámos a tomar uma bebida na sala dele e, nessa altura, ele começou a sonhar alto. E que tal se fizéssemos uma expedição juntos até Singapura de carro? Estás maluco? Talvez. Mas porque não? Afinal de contas, nunca ninguém o fez. Seríamos os primeiros.
Fomos buscar um atlas. Traçámos um percurso aproximado. Calculámos os quilómetros. Conversámos horas a fio durante a noite.
E foi assim que nasceu mais ou menos a expedição, ou mais precisamente, como ela foi concebida.
A equipa foi-se formando quase sem darmos por isso. O primeiro a bordo foi o operador de câmara, Antony Barrington Brown, (mais conhecido por BB). O seguinte foi Henry Nott, secretário do University Motor Club. E depois veio Pat Murphy, navegador e diplomata responsável pela atribuição de vistos.
Depois, tivemos a ideia que recrutar alguém de Oxford: seria lógico que, se tivéssemos alguma vez aqueles dois veículos, poderíamos pintar um de azul claro e outro de azul escuro. A atenção dos mass media daí resultante multiplicaria substancialmente as nossas hipóteses de arranjarmos um patrocínio.
Um grupo foi destacado para o Outro Lugar. E regressaram com Nigel Newbery que seria o nosso "timoneiro" e segundo mecânico. Adrian, que tinha tido a ideia brilhante, era agora o nosso "coordenador do empreendimento" - caixa, contabilista e secretário. Inicialmente por carta e depois com uma visita a Birmingham, concentrou-se em convencer a Rover Company de que éramos capazes de realizar uma viagem o que, de acordo com algumas pessoas, era praticamente impossível.
Mas, como Adrian salientou, se conseguíssemos superar as expectativas e realizar a primeira viagem "por terra até Singapura", então a publicidade que isso traria à Land Rover seria considerável. Alguns dias depois, a Land Rover escrevia dizendo que eles tinham compreendido a lógica da proposta de Adrian. Comemorámos – como se não houvesse amanhã!